O PEIXE E O MAR
(Nuno Tovar de Lemos, s.j. in O
Príncipe e a Lavadeira
Uma vez
pediram a um peixe para falar do mar.
-
Fala-nos do mar – disseram-lhe.
-
Dizem que é muito grande o mar – respondeu o peixe. – Dizem que sem ele
morreríamos. Não sou o peixe mais indicado para vos falar do mar. Eu, do mar,
só conheço bem são estes dez metros à superfície. É só deles que vos posso
falar. É aqui que passo o meu tempo, quase sempre distraído. Ando de um lado
para o outro, à procura de comida ou simplesmente às voltas com o meu cardume.
No meu cardume não se fala do mar. Fala-se das algas, das rochas, das marés,
dos peixes grandes e perigosos, dos peixes pequenos e saborosos e de que
temperatura fará amanhã. O meu cardume é assim: eles vão e eu vou atrás deles.
- Mas
tu, que és peixe, nunca sentiste o mar?
-
Creio que o sinto, às vezes, passar por minhas guelras. Umas vezes o sinto,
outras não. Às vezes o sinto, quando não me distraio com outras coisas. Fecho
os olhos e fico sentindo o mar. Isso tudo de noite, claro, para que os outros
não vejam. Diriam que sou louco por dar tempo ao mar.
-
Conheces o mar, portanto. Podes falar-nos do mar?
- Sei
que é grande e profundo, mas não vos quero enganar. Sei de peixes que já
desceram ao fundo do mar. Quando os ouvi falar, percebi que não conheço o mar.
Perguntai a eles, que vos saberão falar do mar. Eu nunca desci muito fundo.
Bem, talvez uma ou duas vezes… Um dia as ondas eram fortes que eu tive de me
deixar levar fundo, para não morrer. Nunca tinha estado lá e nunca esquecerei
que lá estive. Apenas vos sei falar bem da superfície do mar…
- Foi
ruim, quando desceste? Por que voltaste à superfície?
- Não
foi ruim. Foi muito bom. Havia muita
paz, muito silêncio. Era como se lá
fosse minha casa, como se ali estivesse inteiro.
- Por
que não voltaste lá para o fundo? Por preguiça?
- Às
vezes acho que é preguiça, outra vezes acho que é
- Tiveste
medo quando chegaste ao fundo do mar?
- Não
tive medo algum. Era tudo muito simples… E no entanto agora tenho medo… Mas eu
não cheguei ao fundo do mar! Apenas estive menos à superfície.
- E o
que dizem os outros que lá estiveram?
-
Dizem coisas que eu não entendo. Dizem que não é preciso ir para saber. E dizem
que não há nada mais importante na vida de um peixe.
- E
explicam como se vai?
- Aí
é que está. Explicam que não se chega lá por esforço, que só podemos fazer
esforço em deixar-nos ir. Que é só o mar que nos leva ao mar.
Então
veio uma corrente mais forte que o fez descer. O peixe tentou lutar contra ela
com todas as forças que tinha, à medida que via distanciarem-se as coisas da
superfície. Talvez para sempre… Mas depois fechou os olhos, confiou e já sem
medo deixou-se ir.
Paróquia do Divino Salvador
Santarém
Meditação:
Deus
vive na nossa Paróquia!
Deus vive na nossa paróquia através dos momentos
partilhados entre nós, comunidade.
Vive quando mergulhamos ao fundo do mar e não temos medo
de ajudar o próximo com os nossos projetos: a recolha de alimentos, o servir
refeições aos mais necessitados, o serviço da catequese, a Eucaristia, a
animação missionária, entre outros.
Assim não temos medo de mostrar a nossa fé e não ficamos
indiferentes às atitudes de entrega.
Deus também está aqui em todos vocês que estão presentes
neste momento de união da nossa Paróquia!
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