27 de outubro de 2013

Capela N. Sra. da Saude



A actual quinta apalaçada de Nossa Senhora da Saúde resulta de um conjunto de vastas e contínuas campanhas de obras realizadas ao longo dos séculos. 
Neste mesmo local existia uma outra quinta pertencente a D. Duarte, com ermida dedicada a Sta. Catarina. Datará de 1470 a edificação da sede original da Ordem Terceira de São Francisco no nosso território, no convento de Sta. Catarina do Vale de Mourol. 
No século XVII procedem-se a algumas obras de remodelação da nave e da capela-mor da respetiva igreja, sendo com a extinção das Ordens religiosas, em 1834, que o edifício foi comprado por particulares. Foi a partir dos inícios do século XX que se resolveu edificar a zona residencial precisamente em torno do antigo claustro conventual de dois andares, com colunata no piso inferior, entablamento corrido no superior e respetiva fonte centralizada. Aproveitou-se, então, para se adossarem alguns painéis de azulejos setecentistas à sua volta, tanto originais como cópias. 
Em virtude do empenho pessoal de um dos seus proprietários, Dr. Henrique Anachoreta, procedeu-se à incorporação de alguns elementos arquitetónicos pertencentes a outras edificações na primitiva igreja, esta de uma só nave, com galilé coroada por coro alto, nave de três águas com teto em caixotão, revestida por silhar azulejar barroco, capela-mor abobadada e quatro capelas, duas das quais laterais. Tais seriam os casos do portal gótico do antigo Hospital de S. Lázaro, em Santarém, bem como das janelas maineladas manuelinas provenientes de um edifício situado na Rua de S. Martinho, também em Santarém, além de outros fragmentos ilustrativos da imagética das centúrias de XVI, XVII e XVIII, incluindo obras pictóricas. 
Em termos gerais, trata-se de uma moradia solarenga, cujos alçados nos remetem para os palácios barrocos. 



12 de outubro de 2013

S. Daniel Comboni

Daniel Comboni tinha um sonho... 
Ser Missionário
Missionário em África
Ajudar e dar a conhecer a "Boa Nova" ao povo Africano.
Foi atrás do seu sonho e do que era para si a vontade de Deus "SALVAR ÁFRICA COM ÁFRICA"
Muitas foram as dificuldades e perigos porque passou:
diferenças culturais e ambientais;
doenças; 
escravatura;
rejeição de certas populações pelo povo branco;
falta de apoio Europeu à sua causa...
Convicto da sua vocação nunca desistiu, manteve-se firme, fiel à sua causa até ao fim dos seus dias.
"só tenho uma vida para oferecer pela salvação dos Africanos, gostaria de ter mil e oferecia todas para esse fim"
Como disse "Mohamend Yusuf el Ezzi, "Daniel Comboni, era verdadeiramente um homem de Deus, um Santo (...) era como o profeta Jesus"

trabalho realizado por:
7º ano de catequese
Jardim de Cima e S. Pedro






7 de outubro de 2013

Santa Iria, a mais amada


O padrão original, foi mandado erigir por D. Dinis, no local onde repousava Iria, com altura suficiente para que o rio, na sua maior enchente, não o pudesse cobrir. Em 1644 foi refeito em cantaria lavrada, sendo-lhe colocada em cima a imagem da Santa Padroeira.

Lenda de Sta. Iria
No ano de 637, o mês de Agosto fora excecional quente. Num fim de tarde, os rubores do sol pareciam tingir de sangue a água do rio Tejo. A serene e formosa enseada do Pego aparecia como um luminoso lago sanguíneo.
Vindo das bandas de Nabância, (atual Tomar), um romeiro ajoelhou-se à beira do rio, em frente ao lugar onde, sete anos atrás, fora achado um maravilhoso túmulo de alabastro róseo, boiando qual baú de cortiça. Nesse túmulo, parecendo adormecida, a doce Iria aguardava a chegada de seu tio, o santo abade Célio. O bondoso Célio aproximava - se acompanhado de uma multidão de cristãos. Em sonhos, ele tivera a revelação de todo o martírio de Iria, a mais amada das virgens.
Nesse sonho, ele vira Iria a donzela, bordando nos claustros do mosteiro das Donas de Nabância. Ajoelhado junto de Iria, estava o jovem Britaldo que, muito apaixonado, implorava a Iria que o aceitasse por esposo. Apressou-se a bela Iria a explicar que era impossível, pois fizera voto de castidade. Entregara a Cristo a sua vida. Triste, triste de morrer, Britaldo regressou ao seu castelo. Logo, adoeceu gravemente.
Na vida monástica, Iria rezava e trabalhava. Por inspiração de Deus pede à sua abadessa e vai falar ao moribundo Britaldo. Com doçura e firmeza convence-o de sua razão e diz-lhe que tenha fé. Britaldo confia em Iria e retoma as suas atividades como castelão nabantino.
Ao ver esta cena, em sonhos, o abade Célio louvou a Deus. Porém, a revelação seguinte foi muito cruel para o seu coração de homem santo. Ele assistiu ao assédio despudorado que o monge Remígio, professor de lria, faz à donzela. Ela recusa-o energicamente. O malvado Remígio, com suas malas-artes de alquimia, prepara um pó que mistura na comida da sua aluna.
Então, o ventre da jovem cresceu como se estivesse grávida. Muitos a acusam. Ela proclama a sua inocência. Mas a calúnia chega aos ouvidos de Britaldo. Louco de raiva, a sua paixão transformada em ódio, Britaldo ordena ao seu criado Banão que vá matar Iria. Banão crescera junto de Iria, amava-a como a uma irmã.
Iria a mais amada, Iria tão desgraçada! Sem coragem para desobedecer a seu amo, Banão dúvida da honradez de Iria. Ao alvorecer, surpreendeu-a, quando, pela margem do Nabão, ela rezava e caminhava em direção à capela da Imaculada Conceição aonde ia meditar. E tantas eram as suas preocupações, que nem sentiu os passos do malvado que de um só golpe a trespassou. Depois, tomado de remorso e de espanto quis fazer desaparecer o corpo casto de Iria, fazendo-o mergulhar nas águas do Nabão.
Tudo isto, o abade Célio contemplou no seu sonho. E mais lhe foi dado ver. Os anjos depositaram Iria num túmulo róseo e milagroso. Era de pedra mas vogava sobre as águas dos rios como se fosse o berço do lendário Ábidis. Os anjos acompanharam-na na descida dos rios até que para num pego do Tejo, em frente do lugar de Seserigo, onde se levantava um grande penedo.
Após esta revelação, o abade fez divulgar o milagre e veio de Nabância a primeira romagem a Santa Iria. Era vontade de Célio levar Iria para o seu mosteiro. Queria glorificá-la e pedir perdão pelos martírios que a virgem sofrera. Talvez, por castigo divino, ninguém conseguiu tirar a bela Iria do seu sepulcro. Apenas o abade recolheu uma madeixa de loiros cabelos e alguns pedaços do seu vestido. Reliquias que foram guardadas através dos séculos na Igreja que, em Tomar, tem por patrono Santa Iria.
Mas quem era o romeiro que se ajoelhava, sete anos após a morte de Iria, no seu lugar sagrado?
Acredita a gente simples que era o seu matador. Falam dele os "rimances" do Cancioneiro Popular Português. Almeida Garrett recolheu algumas variantes. Narrativas poéticas do povo que ama e canta os seus amores.
" Chamavam-me lria, lria afidalga.
Por aqui agora, Iria a coitada.
Andando, andando, toda a noite andava,
Lá por madrugada que me atentava...
Tirou do alfange, ali me matava;
Abriu uma cova onde me enterrava.
No fim de sete anos passa o cavaleiro,
Uma linda ermida viu naquele outeiro.
Que ermida é aquela de tanto romeiro?
É de Santa Iria, que sofreu marteiro.
-Minha Santa lria, meu amor primeiro,
Se me perdoares, serei teu romeiro
- Perdoar não te hei-de, ladrão carniceiro,
Que me degolaste que nem um cordeiro."


Curiosidade
Parece-nos interessante esta versão da Lenda de Santa Iria, pois parte da narrativa é localizada num ponto concreto da Ribeira. Lugar de evocações milenares. Nele ressoa o nome de Santa Iria ou Santa Irene. Nome tantas vezes proferido. Nome tão enraizado no coração e na fé do povo que com ele passo a denominar a própria cidade que de Scallabis passou a Chantirene, e em breve, a Santarém.