9 de fevereiro de 2013

Bairro de Alfange

Olá companheiros, 

Nós acabámos por descer até ao Bairro de Alfânge, sempre alegres e bem dispostos, por aqui descobrimos que este pequeno bairro que hoje pouco ouvimos falar, era local de habitação de pescadores que se serviam do Tejo para o seu sustento.
 



 

 


A estrada que percorremos era o caminho utilizado pelos nossos reis para se deslocarem até á beira Tejo. 

Já ouviram falar da igreja de Alfange? 


A igreja foi, provavelmente, fundada nos séculos IX a X, em pleno período muçulmano, por uma comunidade de cristãos moçárabes que aqui se encontrava estabelecida. Contudo, existem indícios de que este templo foi erguido a partir de um outro mais antigo, possivelmente do período visigótico. Do período moçárabe, restam apenas a capela-mor e um fragmento de cancela de altar, recolhido no Museu Distrital de Santarém.
Após a conquista da cidade por D. Afonso Henriques, em 1147, a comunidade cristã do Alfange procedeu a uma ampla reforma do templo passando o edifício a incorporar três naves.
O terramoto de 1755 afetou gravemente a igreja que ficou muito danificada e em riscos de ruir, o que levou a uma nova campanha de reconstrução que apenas terminou já em 1802, data que se encontra gravada no lentel do portal principal juntamente com o escudo real.
Até 1940, o templo foi utilizado pela Irmandade do Santíssimo Sacramento, aqui fundada em 1609. Com a extinção desta ordem, o estado a igreja foi-se degradando e pode-se dizer que  contribuiu para o agravamento do processo de ruína, que já era evidente desde o século XIX. Em 1936, com o avançado estado de ruína, os azulejos  que revestiam as suas paredes, são retirados e aplicados na Igreja de Santa Maria de Marvila. Pouco depois, a cobertura do templo ruiu, permanecendo neste estado até à intervenção realizada há poucos anos.
Todo o seu espólio encontra-se espalhado por Santarém, Lisboa  e Vila Viçosa.

Conheces a Lenda dos meninos de Alfange ?


Sabes que foi em Alfange  que morreu D. Afonso?


Alfange, morte de D. Afonso

Infante D. Afonso, filho de D. João II, desposado com a filha dos Reis Católicos (união entre Portugal e castela), recusou o convite de seu pai para ir nadar no tejo, alegando cansaço, mas ao ver o seu pai partir, começou a sentir remorsos por tal recusa, era usual irem ambos desfrutar das belas águas para se banharem, assim sendo acabou por se decidir e mandar aparelhar o seu corcel. Impaciente pela demora e deparando-se com o ginete que servia o seu estribeiro-mor, decidiu montar e partir a galope pela estrada de alfange em direção ao areal do tejo onde se encontrava o rei. Ao chegar á beira do rio, já no areal, em frente as humildes casas dos pescadores de Alfange, o cavalo tropeçou e o jovem príncipe caiu batendo com a cabeça numa pedra, ficando inconsciente. Os pescadores apressaram-se a transportá-lo numa das redes para casa de um deles, acabando por falecer. Os seus pais (D. João II e D. Leonor) e esposa perante o acontecimento vestiram luto e recolheram durante uma semana na casa de Vasco Palha.
Mais tarde falou-se que o acidente se devia a uma criança se ter atravessado á frente do cavalo, levando-o a tropeçar, tombar o príncipe e arrastá-lo para a morte.
Diz-se que os pescadores que assistiram ao acidente oraram a N. Sra. das Neves que permitisse transportar o príncipe com vida até ao seu leito. Tendo assim acontecido e este ter falecido pouco tempo depois de já estar numa das cabanas, os pescadores ofereceram a rede que o transportou á Sra. Das Neves. Sua mãe, em sua homenagem tomou o camaroeiro como referência de armas.

E sabes onde foi assinado o tratado de Santarém?

 Tratado de Santarém
D. Guido , o cardeal de Bolonha e legado Papa, enviado para fazer as pazes entre os desavindos, de tudo tratou. Dois pequenos bateis foram preparados para os reis, que apenas levariam consigo reduzido séquito, sem arma alguma sobre si. Outro batel seria para ele cardeal, que serviria de fiel da balança e que lá estaria entre ambos, com os notários precisos para darem fé de tudo o que ocorresse.
Dos dois lados se cuidou do cerimonial e da etiqueta.
Aconselhavam os de Castela, o seu rei a que esperasse que o de Portugal lhe dirigisse a palavra, lhe falasse primeiro, pois a soberba castelhana o dava por mais importante. D. Henrique, porém, tido por Fernão Lopes por pessoa “muito mesurada e de boa condição”, não se quis prender a tais pragmáticas e desconcertou os do Conselho, inquirindo se por falar primeiro a D. Fernando “perderia a sua honra”.
Alegava o orgulho castelhano que, não sendo caso para isso, não se devia no entanto, fazer tal coisa. Ao que o rei os mandou bugiar, assegurando que se de sua honra não perdia não teria dúvidas em falar primeiro “para usar de mesura”
Do nosso lado, brilhante cortejo acompanhou D. Fernando pela calçada de Alfange. Estando todos à beira de água, não deixou o bispo do Porto de passar revista às embaixadas, não fosse o diabo armar alguma. E o certo é que ainda fez largar ao infante D. João uma adaga que estava fora da pragmática estabelecida.
Dando o sinal, moveram-se os bateis com os reis até próximo dum torreão que ficava dentro de água, fronteiro a Alfange, ficando no meio o batel do Bispo. E mal se chegaram a fala não esperou mais D. Henrique, saindo-se logo este madrigal:
- Mantenha-vos Deus senhor! Muito me apraz de vos ver!
Pouco mais apanhou o cronista das falas que se trocaram entre as régias partes, dizendo apenas que d. Fernando respondeu “por semelhantes razões e bem mesuradas”; que ao cardeal muito agradou “a boa avença que se via entre eles” que ambos “juraram os tratos”, ratificando o prometido entre si; e que  “faladas todas as coisas que lhes cumpriam, despediram-se um do outro e remaram os bateis cada um para onde partira”
Tão cativado ficou o nosso D. Fernando da delicadeza henriquina que ao chegar a terra não resistiu a dizer à comitiva que vinha mesmo muito henricado de todo.
Assim teve lugar esta real entrevista, assim se firmaram as pazes de valada, esse celebrado Tratado de Santarém, certamente a mais original de todas as que se deram entre soberanos neste pais. (Arruda, Virgilio, “Santarém no tempo”, Braga 1997, sociedade Gráfica SA)



Sem comentários:

Enviar um comentário